Difícil escrever tudo aquilo que se pensa
O que se vê, o que se ouve, o que se fala
Principalmente o que não se fala
Repito, o que se pensa
Demora, exige esforço, exige calma
Exige inspiração.
Se falo de quem amo, tudo parece indigno
Se falo do que não gosto, parece dispendioso demais
Sobre o que quero, sou supersticioso
E sobre aquilo que tenho, deixa.
Não sou vaidoso
Poderia falar da pátria amada,
Da mãe dedicada, da primeira namorada
Até da primeira pelada, amizades despedaçadas
Ressacas incuráveis e memórias até hoje não recuperadas
De tudo o que vivo, do que tem brilho, do que me dá abrigo
Tudo me parece tão rico
Que as palavras, por mais valiosas que sejam, viram troco
Viram pouco
Por ser difícil, por ser bonito, por ser imensurável
Prefiro deixar em um lugar onde as palavras estão certas
Aonde não há erro, nem juízo de valores
Fica aqui comigo, fica com quem viveu
Afinal, o poema é meu.
É dos meus.
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O último texto publicado foi: O que você faz quando ninguém te vê fazendo?
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