As pessoas não cansam de falar
como o mundo está mudado. Até os jovens inundam (ou seria com ‘m’ nesse caso?!)
os feeds das redes sociais apresentando detalhes de suas infâncias sem iPhone.
Pois é, está mudado mesmo. Constatar isso não é chato, o que o torna é
transformar as mudanças em comparativos de qualidade. É a trupe dos ecochatos
da infância!
Os jovens estão sim mudados. Só
que os jovens pais também eram diferentes dos jovens avós. A diferença das
mudanças entre os jovens avós e os jovens pais é pequena e discreta quando se
pensa no turbilhão de mudanças diárias que diminuem os anos de uma geração e
tornam as novas crianças, adolescentes e adultos partes e apartes. Tecnologia,
simples tecnologia. Tecnologia que criou o famoso termo globalização e que com
ele justificou quase todas as mudanças sociais, em relacionamento e isolamento.
Ouve-se que os jovens não têm
mais capacidade de se comunicar, que vivem isolados. Comentam sobre a instabilidade
dos relacionamentos ou a fugacidade dos amores. Os filhos não são mais bem
educados e os pais não são respeitados.
Ecochatos! Parem de rotular, de
comparar. Percam menos tempo dizendo que as coisas estão diferentes e mais
aproveitando as diferenças. Compartilhe menos tais mensagens no Facebook e
brinque com seu filho na rua. Culpar o governo também é uma saída fácil. O
Kinder Ovo não custa mais um real e você não vai mais ao shopping com dez
reais. Só que seu salário aumentou e suas opções de filmes na internet também.
Os jovens hoje estão conformistas. Não é o caso. Apenas, pelo menos aqui, há a intenção de se aproveitar mais ao invés de perder tempo reclamando.
A comunicação nunca vai morrer.
Ela pode mudar. É o que acontece. Hoje o jovem se expõe bem mais. Diz o que
pensa, mostra aonde vai, o que ouve e ainda transmite as imagens daquilo que
come, acha engraçado e detesta. Não manda mais carta, talvez pouco ligue, mas
não desconecta o Whatsapp. Tem sempre abertas cinco janelas de conversação.
Amar também pode ter ficado mais
fácil. Ou difícil, já que se ama tanto. Nunca antes na história desse país se
amou tanto. O lado negativo é evidente, mas as sociedades já passaram pelo
casamento arranjado, por conta de dotes e tantos outros. Ficavam para sempre
amarrados a esses relacionamentos. Talvez seja melhor amar tantos e todos.
Poxa, a menina tem 15 anos e está transando. Quantas se casaram com 16, com
caras mais velhos e que não sabiam nem o que era amor?! Ora, hipocrisia!
Certa época, os filhos respeitavam
mais os pais. Respeito não pode ser confundido com medo, falta de diálogo. Não
criem polêmicas. Entendam que o pedir bênção é muito mais uma simbologia do que
respeito, de fato. Os pais têm conversado mais com os jovens sobre tudo.
E se a violência não deixa mais a
brincadeira acontecer nas ruas, a tecnologia não é vilã. Quem acredita nisso,
deveria usar melhor o tempo e a criatividade. Afinal, se uma coisa que os mais
velhos e os mais novos sabem é que é em tempo de crise que se cria. Reclamar
não é o mesmo que militar e mudar. Aproveitar não é o mesmo que conformismo.
Entendam.
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