sábado, 10 de março de 2012

Escritor de Araque


Parei de escrever. Não por falta de tempo, falta do que falar ou falta de vontade. Talvez esteja em um momento não propício à escrita. Aos elogios que já recebi sobre esse espaço, aos que o fizeram, eu digo que não é nada pessoal. O blog está parado, a monografia também e aqueles muitos argumentos e perfis de personagens que tenho na cabeça de lá não estão saindo.

Olhando os últimos textos desse blog talvez seja possível entender porque não tenho aparecido. Oras, sou um escritor de araque. Talvez sejam todos, mas não vou cutucar os deuses. Pensem comigo, recentemente comentei sobre "o cara" que vai e volta em um amor que visivelmente foi só seu e não deu certo; falei sobre as coisas que faço quando ninguém me ver fazendo; comentei sobre minha série favorita; um vídeo tirado de uma aula; e mais histórias fictícias, um pouco pretensiosas.

Agora, o grande autor perdeu as palavras, já que está namorando, sem grandes tragédias românticas; está tendo tão pouco tempo consigo mesmo que só consegue dormir e dormir assistindo séries; sobrou-lhe menos tempo e vontade até para dissertar sobre as séries, exceto que seja num chat com a também de araque Natália; nesse momento que não tem aulas, poucas inspirações nesse sentido; e toda a concentração criativa num argumento de série que fica só na cabeça. O grande se revelou aquilo que é: um escritor de araque.

Ah, mas deem um desconto. Me elogiem. Talvez todos os grandes sejam verdadeiros aproveitadores de tragédia própria. Alimentam suas obras primas com a tristeza amorosa, com o olhar sombrio que lança sobre os outros, auxiliados por drogas para escritas e pela tristeza também dos leitores. É tão humano nos interessarmos, nos apaixonarmos e preferir as histórias tristes. Vejam filmes, novelas e romances literários. Pode ter o final feliz, mas aquilo que recheia é a tristeza. Somos macabros a tal ponto?! Somos, nada. Problema mesmo é que essas obras todas são pintadas com tanta tinta que o triste assusta, mas na verdade escondem cotidiano.

Se pensar bem nas situações diversas que passamos, todas são facilmente transformadas na mão de um ~bom~ autor em tragédia grega. A tragédia é normal, nem sempre triste, nem sempre avassaladora e nem sempre com tanta vilania. Irreal mesmo é o final feliz. Felicidade está distribuída ao longo da história toda. Não as escritas, as vividas.

E queria ser escritor. Um de verdade. Aquele que se aproveita sim, que coloca tintas sim, mas que consegue arranjar um tempo em meio a felicidade e tristeza real para criar. Criar mais real, falar mais real. E esse é um suspiro de tentativa. Um texto no blog aqui, um perfil de personagem ali e quem sabe, não mais que de repente, um argumento e 12 episódios com 30 laudas cada entregues aos amigos cobaias.

Ideias não faltam. Ano passado, ia terminar com uma postagem sobre uma reportagem com os 12 passos (fáceis) para ser feliz. Passou. E, agora no começo, a ideia era minha metódica lista de promessas/definições/resoluções de ano novo. 12 também. Uma para cada mês. Estamos em Março e dos meses anteriores, o placar é 1x1. Não emagreci, mas passei um carnaval bem legal.

Melhor terminar esse texto sem um final "digno", ficando assim mais coerente com o conceito que queria deixar. Não há mais pontos finais que reticências. Pode parecer que sim, mas não...

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