Dois churros e o sexo sem compromisso.

Aquela mulherzinha com cara de raiva, aquela rodoviária suja e movimentada. Um daqueles carrinhos de churros. O preço: 50 centavos. Um senhorzinho simpático, perto do meu trabalho, no centro da cidade, ao lado do shopping. Seu churros: um real e cinquenta centavos! Um gordinho há semanas com vontade de comer churros: eu. 

Sempre que passava no velhinho, os churros ainda não estavam prontos. Já a moça da rodoviária evitei enquanto pude. Até que cedi. Tem quem fale "não sou fresco com comida, como de tudo" e outros "não como essas coisas, por higiene". Há verdade nos dois tipos, mas a maioria dos que não são frescos é porca e os que se dizem higiênicos estão com frescura! Eu sou tranquilo com comida, sério. Comi o churros de 50 centavos e estava delicioso. Fiquei imaginando o dia de comer o churros lá do velhinho... Certamente era maior, com mais recheio... hummm!

Esperei mais alguns dias, sempre agradecendo por nunca coincidir de sair do trabalho depois que os churros estivessem pronto. Evitar a tentação, sabe né?! Até que um dia, deu certo. Para o velhinho, claro. Ele até caprichou no recheio, escolheu um mais queimado (do jeito que gosto) e então... Não era tão bom! Ou melhor, não era bom. Fiquei com um gosto de gás, sei lá... Pensei que podia ser do mecanismo que coloca o recheio ou do gás que alimenta o fogo... até a qualidade do doce de leite poderia ser. Fato é: não estava bom.

Quem vê cara, não vê coração! Aqui caberiam todas aquelas pieguices sobre julgar o livro pela capa, a inteligência pela feiura, a qualidade pelo preço... Todas. A verdade é que os churros de rodoviária são como transar sem camisinha com uma desconhecida no banheiro da boate ou no estacionamento: barato e perigoso, mas ainda assim pode ser a melhor coisa que você fez no dia (ou na vida).