quinta-feira, 10 de março de 2011

Eu tenho medo. Sério!


Tivemos, ao longo das décadas, uma série de grandes fenômenos de popularidade, grandes ondas musicais e ídolos mundiais. Da Jovem Guarda, saiu Roberto com título de Rei e, anos depois, cantando quase as mesmas músicas do seu auge décadas atrás, ainda é idolatrado. De sua turma, outros não mantiveram o sucesso, mas as senhorinhas lembram até hoje. Não cansam de dizer: "tal cantor era tão lindo naquela época". Tivemos Michael Jackson, Madonna, Beatles... No Brasil, em história recente, Mamonas Assassinas são lembrados 15 anos após o acidente fatal. Ayrton Senna também se manteve eterno. As crianças cresceram acompanhando Sandy e Júnior, Xuxa, Angélica... Na TV, Antônio Fagundes e Zé Mayer são galãs até hoje.

A distância entre os ídolos era algo gigantesco. Coleção de revistas, cartinhas para emissoras, caravana para acompanhar shows, uma odisséia por um autógrafo e, nas maiores das realizações, uma foto e um abraço. Daí veio a internet, sempre essa... Os novos ídolos nasceram ou tornaram-se famosos através da internet. Podemos citar as bandas de rock atuais que são, em grande parte, frutos ou mantidas pela rede. Há ainda, exemplos no sertanejo, na apresentação de programas e até nas universidades.

Se um vídeo e um blog podem alçar alguém ao sucesso, podem trazer uma legião de xiitas, caso algo dê "errado". Fãs agora se denominam família. Parece aquela coisa interiorana, onde há disputas entre as famílias mais poderosas da cidade. Se um Bruno Mazzeo brinca com a vesguice do Luan Santana, coitado! Quisera ele ter nascido na época de seu pai. E quando um erro de produção impede um grupo de apresentar-se na data e local combinados? Puta falta de sacanagem.

Está mais fácil divulgar um trabalho, propagar um sucesso, acompanhar um cantor, saber as notícias de um ator, rever os programas de seus apresentadores favoritos etc. E o lado negativo? Será que aquele distanciamento não era saudável?! Não que os famosos e idolatrados fossem unanimidades, mas acredito que, outrora, o sucesso era algo mais difícil de ser alcançado: exigia mais trabalho e, de fato, talento (ou carisma e beleza). Carisma e beleza (talvez talento também) estão presentes em muitos dos frutos da internet, mas é uma onda tão grande de novas celebridades, bandas e outros, que muita coisa boa se perde no caminho e não aparece.

Há uma nova categoria: as das micro-super-celebridades. Restart, Felipe Neto, PC Siqueira, Deeercy, Hugo Gloss... Certeza que meus pais não conhecem nenhum desses! Em seus perfis sociais, acumulam milhares de seguidores e formam opiniões. Eles são alvo da dor e delícia de serem famosos, em menor escala. Alguns já saíram do "anonimato" e estão plantando sementes na televisão, aonde se encontra a grande massa.

As coisas mudaram! Temos celebridades no Twitter, no mundo dos blogs, no My Space, no Youtube... O tráfico entre uma e outra plataforma nem sempre é um ensaio para adentrar a tv ou o rádio. Outras vezes, a internet é apenas meio de chamar atenção de produtores atentos às novidades da rede, para largar esse submundo e ser celebridade nacional, cantando, atuando ou apresentando.

Sei não, sou contra qualquer tipo de fanatismo. Acho inconcebível alguém denominar-se Presidente do Fã Clube Tal, seja ele do Rebelde ou do Lula. Talvez seja este o ponto, antes da internet, a gente não tinha tanto acesso a isso. É capaz que o fanatismo, as "famílias" e os xiitas não sejam frutos da rede, apenas tenham ganhado notoriedade com ela. E com essa notoriedade, poder! Aí que mora o perigo. E como já disse Regina Duarte, EU TENHO MEDO.

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